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Aferição do Valor Nutricional: Garantia de Qualidade e Conformidade no Rótulo dos Alimentos

A aferição do valor nutricional declarado na embalagem dos alimentos é um processo fundamental para garantir que as informações presentes nos rótulos sejam confiáveis e estejam em conformidade com as normas regulatórias. Esse controle de qualidade não apenas protege o consumidor, mas também assegura que as indústrias estejam alinhadas às exigências da legislação brasileira, promovendo transparência e segurança alimentar.

Neste post, vamos explorar as principais metodologias da aferição do valor nutricional e equipamentos usados para realizar essas análises, as implicações legais e a importância desse processo para o mercado de alimentos.

 

Por que a aferição do valor nutricional é importante?

As informações nutricionais nos rótulos são uma referência essencial para consumidores que buscam fazer escolhas alimentares mais conscientes, incluindo pessoas com restrições específicas, como diabéticos ou intolerantes à lactose.Além disso, as empresas devem garantir que os valores declarados estejam em conformidade com a Resolução RDC Nº 429/2020 e a Instrução Normativa Nº 75/2020, que regulamentam a rotulagem nutricional no Brasil. Essas normas exigem precisão nas informações e definem limites de tolerância entre os valores declarados e os valores reais medidos em laboratório.

 

Como as análises são realizadas?

A aferição do valor nutricional envolve a análise de diversos parâmetros, como proteínas, gorduras, carboidratos, fibras, minerais, vitaminas, umidade e valor energético. Cada análise utiliza metodologias específicas e equipamentos laboratoriais avançados.

1. Análise de Proteínas

Proteínas são analisadas pela determinação do teor de nitrogênio total, utilizando dois métodos principais:

Método Kjeldahl

  • Princípio: Determina o nitrogênio presente em compostos orgânicos e inorgânicos. A concentração de nitrogênio é convertida para proteína utilizando um fator (geralmente 6,25).
  • Etapas:
    1. Digestão: A amostra é aquecida com ácido sulfúrico, quebrando proteínas em nitrogênio amoniacal.
    2. Destilação: Adiciona-se hidróxido de sódio para liberar amônia, que é capturada em uma solução de ácido bórico.
    3. Titulometria: Mede a quantidade de amônia capturada para calcular o teor de nitrogênio.
  • Equipamentos: Digestor Kjeldahl, destilador automático e titulador.

Método Dumas

  • Princípio: Queima completa da amostra em alta temperatura, liberando nitrogênio gasoso, que é medido por um detector térmico.
  • Vantagens: Rápido, sem uso de reagentes químicos perigosos.
  • Equipamentos: Analisador de combustão (Dumas).

2. Análise de Gorduras Totais e Ácidos Graxos

Gorduras são analisadas com métodos clássicos e modernos:

Extração Soxhlet

  • Princípio: Usa solventes orgânicos (como hexano) para extrair lipídios da amostra.
  • Etapas:
    1. A amostra é desidratada e moída.
    2. O solvente é aquecido e recircula pela amostra, dissolvendo os lipídios.
  • Equipamentos: Extrator Soxhlet, condensador e estufa.

Cromatografia Gasosa (GC)

  • Princípio: Separa e quantifica ácidos graxos individuais, como gorduras trans e saturadas.
  • Etapas:
    1. Metilação: Os lipídios são transformados em ésteres metílicos para facilitar a análise.
    2. Injeção: Os ésteres são vaporizados e separados em uma coluna cromatográfica.
    3. Detecção: Detectados por um detector de ionização de chama (FID).
  • Equipamentos: Cromatógrafo gasoso, coluna cromatográfica e detector FID.

3. Análise de Carboidratos

Carboidratos podem ser analisados de forma indireta ou direta:

Cálculo por Diferença

  • Princípio: Subtrai-se os valores de proteínas, gorduras, fibras, umidade e cinzas do peso total da amostra.
  • Limitação: Não identifica carboidratos individuais.

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC)

  • Princípio: Separa e quantifica açúcares simples (glicose, frutose, sacarose).
  • Etapas:
    1. A amostra é diluída e filtrada.
    2. Injetada em uma coluna cromatográfica.
    3. Detectada por índice de refração.
  • Equipamentos: HPLC com detector de índice de refração.

4. Análise de Fibras

A fibra dietética é dividida em fibra solúvel e insolúvel:

Método Enzimático-Gravimétrico

  • Princípio: Digestão enzimática da amostra para separar fibras solúveis e insolúveis.
  • Etapas:
    1. Amostra tratada com enzimas digestivas (amilase, protease e amiloglucosidase).
    2. Filtração e pesagem das frações insolúveis.
    3. Determinação de fibra solúvel na solução filtrada.
  • Equipamentos: Digestor enzimático, filtros a vácuo e balança analítica.

5. Análise de Minerais

Minerais são medidos por técnicas espectrométricas:

Espectrometria de Absorção Atômica (AAS)

  • Princípio: Mede a absorção de luz por átomos vaporizados, específica para cada elemento.
  • Etapas: A amostra é digerida em ácido e analisada em um espectrômetro.
  • Equipamentos: Espectrômetro de absorção atômica, com chamas ou forno de grafite.

ICP-OES (Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado)

  • Princípio: O plasma ioniza os minerais, que emitem luz em comprimentos de onda específicos.
  • Vantagens: Analisa múltiplos elementos simultaneamente.
  • Equipamentos: ICP-OES com nebulizador.

6. Análise de Vitaminas

Vitaminas são analisadas por cromatografia:

HPLC (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência)

  • Princípio: Detecta vitaminas hidrossolúveis (B e C) e lipossolúveis (A, D, E, K).
  • Etapas: A amostra é extraída com solventes, filtrada e separada em colunas cromatográficas.
  • Equipamentos: HPLC com detectores UV-Vis ou fluorescência.

7. Umidade e Cinzas

Secagem por Estufa

Incineração em Mufla

  • Princípio: Queima a matéria orgânica, deixando apenas minerais (cinzas).
  • Equipamentos: Forno mufla (550°C).

8. Análise de Valor Energético

Calorimetria Bomba

  • Princípio: Mede a energia liberada durante a combustão completa de uma amostra.
  • Etapas: A amostra é selada em uma bomba calorimétrica com oxigênio puro e queimada.
  • Equipamentos: Calorímetro bomba.

Importância da Escolha da Metodologia Correta

Escolher a metodologia correta para aferição do valor nutricional é essencial para garantir resultados confiáveis, conformidade com a legislação e credibilidade no mercado. Cada tipo de nutriente e matriz alimentar exige métodos específicos, como o Kjeldahl para proteínas, Soxhlet para gorduras e HPLC para vitaminas. Métodos inadequados podem gerar resultados imprecisos, prejudicando a segurança alimentar e acarretando penalidades legais, conforme exigido pela RDC Nº 429/2020 da ANVISA.

Além disso, a adoção de tecnologias avançadas, como espectrometria ICP-OES ou cromatografia acoplada à espectrometria de massa, aumenta a precisão e a eficiência das análises. A escolha certa otimiza recursos, fortalece a confiança do consumidor e protege a empresa de riscos financeiros e de imagem.

1. Precisão e Confiabilidade dos Resultados

Os alimentos possuem composições químicas variadas, desde líquidos simples como água até matrizes complexas como produtos industrializados. Métodos genéricos podem ser inadequados para matrizes mais elaboradas, resultando em medições inconsistentes.

  • Exemplo: O método Kjeldahl é altamente confiável para proteínas totais, mas não é indicado para determinar proteínas específicas ou aminoácidos individuais. Para análises mais detalhadas, o método Dumas ou técnicas de cromatografia seriam mais adequados.
  • Impacto: A precisão dos resultados depende da escolha de uma metodologia sensível e apropriada ao nutriente em questão.

2. Matriz Alimentar e sua Complexidade

Cada tipo de alimento exige métodos que levem em consideração suas características físicas e químicas.

  • Laticínios: Alimentos ricos em gordura, como queijos, demandam métodos específicos para separação de lipídios antes da análise.
  • Bebidas Açucaradas: Necessitam de cromatografia líquida (HPLC) para separar e identificar açúcares individuais.
  • Produtos Processados: Podem conter aditivos ou contaminantes que interferem em métodos tradicionais, exigindo ajustes específicos.

A matriz do alimento afeta diretamente a extração e a quantificação dos nutrientes, o que reforça a necessidade de métodos adaptados.


3. Conformidade com Regulamentações e Normas

A legislação brasileira, especialmente a RDC Nº 429/2020 da ANVISA, define limites de tolerância entre os valores declarados e os medidos para garantir a veracidade das informações nutricionais nos rótulos.

  • Margens de erro: A legislação permite variações de até 20% em certos nutrientes, mas métodos inadequados podem produzir resultados fora desse intervalo.
  • Exemplo prático: Se um método subestima o teor de fibras em um cereal, o rótulo pode declarar informações incorretas, levando a penalidades legais.

A escolha de metodologias padronizadas e reconhecidas por órgãos internacionais, como a AOAC e o Codex Alimentarius, é essencial para garantir conformidade.

 

A escolha da metodologia correta para aferição do valor nutricional é indispensável para garantir a precisão das informações nos rótulos, a conformidade com a legislação vigente e a confiança do consumidor. Investir em métodos padronizados, tecnologias avançadas e equipes capacitadas é uma estratégia que vai além do cumprimento legal, destacando sua empresa no mercado competitivo e promovendo a segurança alimentar.

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